domingo, 26 de fevereiro de 2012

As redes socias como rede de apoio em situações de perda


Vivemos numa sociedade em que a comunicação acontece de forma muito rápida, o que é exacerbado pelas redes sociais, seja o twiter, facebook, blog, ou outros meios que as pessoas estão buscando para se comunicar ou se expressar.
 
Nas páginas pessoais ou através de mensagens curtas as pessoas transmitem recados de como estão, o que estão sentindo ou vivenciando… isso também acontece no caso de um perda, as quais podem ser decorrentes de uma morte ou de outros rompimentos como perdas normativas (infância, adolescência, e velhice), adoecimento, separação, mudanças, alteração da imagem corporal, mutilações, etc.
 
As redes sociais são utilizadas por quem sofre a perda, como forma de expressar seus sentimentos e, de certa forma, buscar apoio sem que seja preciso “encarar” diretamente a sociedade; como também pelos que sentem a necessidade de prestar sua solidariedade e apoio. Escrever pode, em alguns momentos, proteger do contato  com a dor do outro, que tanto nos mobiliza e nos remete a nossas próprias dores.
 
Observa-se que as pessoas que estão enlutadas ressaltam o vínculo estabelecido com quem morreu, as características daquela pessoa, e assim buscam um suporte, um apoio através de mensagens deixadas para quem morreu ou para os amigos e parentes enlutados. 
 
Algumas vezes, a pessoa que morreu é mantida na “rede”, com fotos, mensagens ou recados, seja como forma de negação de tão dura realidade na busca de preservar e se apegar a algo concreto “deixado” por quem morreu, por vezes, é poder encontrar a pessoa amada com aspectos que retratem a vida;  seja como forma de buscar “conforto” e assim não se sentir tão sozinho na dor.
 
Nossa sociedade tem dificuldade de lidar com o sofrimento e com o tempo que as pessoas enlutadas precisam para vivenciar sua dor, é como se tivéssemos que chorar por poucos dias e retomar a vida sem expressões que possam incomodar ao funcionamento social.  A morte precisa ser afastada e silenciada para não incomodar os que ainda estão vivos. “O entrelaçamento das redes de troca que unem os vivos aos mortos é hipercomunicação a silenciar o silêncio” (RODRIGUES, 2006, p. 77), ou seja, a tentativa de silenciar a dor, a incerteza, o sofrimento, ou o próprio luto. O que observamos é que esse processo de luto, dor e sofrimento passam a ser compartilhados, em alguns casos, nas redes sociais.
 
    Essas redes, como forma de apoio, podem ser importantes em momentos como esses, mas precisam ser cuidosamente utilizadas para não contribuir para a cronificação da dor.

Marianna Mendes