segunda-feira, 9 de maio de 2011

A dor dos amantes

O amor é uma condição inerente à nossa existência. Nascemos pelo amor, sobrevivemos por causa do amor que nos foi dado e passamos o resto das nossas vidas em busca da realização do amor pleno.
Em busca deste amor, encontramos no outro aquilo que falta em nós, e por isso experimentamos a deliciosa e instigante sensação de entrega. 
Ao entregarmos nosso coração a alguém, entregamos-lhe nossa vida, nossos sonhos e expectativas, nossos projetos e ideais, e até nossas imperfeições. No encontro com o outro esperamos que ele seja capaz de amar nossas virtudes e suportar - há quem diga até, tentar modificar - nossos mal fadados defeitos. E no afã de tornar completa nossa incompletude existencial, mergulhamos num mar de experiências que nos enriquecerá para sempre.
Ao dedicarmos nosso amor, exigimos fidelidade e desejamos a infinitude, condição que a nossa vida nos encerra. A morte, como fenômeno pertencente à vida, diariamente nos revela que estar vivo significa preparar-se para o fim, assim como o fazem todas as coisas vivas.
O difícil é enfrentar que do mesmo modo que há encontros, há desencontros, de interesses, opinião, educação, investimento e afeto. Esses minam o amor e o fazem morrer. É o rompimento que chega gerando perdas significativas.
A maioria de nós, não lida bem com as perdas, naturalmente, no entanto, em se tratando de "vontade", ou da falta desta em seguir um relacionamento, a experiência é menos compreendida.
Muitos casais, ao romperem sua união, estão deixando para trás muito mais do que o amor. É uma vida construída, de muito ou pouco tempo. Uma vida idealizada e projetada um no outro.
Há quem saia aliviado, há quem saia atormentado. Há os que se despedaçam, desesperam. Há inclusive aqueles que saem "numa boa", mas até estes, em algum momento, reconhecem o que perderam e não mais existirá, não ali.

In "sobre o enfrentamento do luto conjugal" , por
Kátia Cristiane V. de Araújo Bezerra

domingo, 1 de maio de 2011

Millena Câmara por ela mesma

QUEM SOU EU?

Uma apaixonada pela vida, vida que passei a valorizar ainda mais quando comecei a trabalhar com a morte.
Sou psicóloga, formada pela UFRN, em 1999.
Após me formar fui pra São Paulo e lá me especializei em Psicologia hospitalar, primeiro pelo NEMETON – Hospital Brigadeiro Luis Antonio, depois fiz a especialização do InCor FMUSP, também em psicologia hospitalar, com foco em cardiologia.
Estudar era minha meta nesta cidade (SP) que parece não parar, então estudei mais e mais... fiz aprimoramento na PUC-SP em Psicoterapia para pessoas enlutadas e no Instituto Quatro Estações, ambos coordenados pela psicóloga Maria Helena Pereira Franco. Muitos outros cursos. . . tentei fazer e estudar tudo que era possível em dois anos que tinham apenas 24 horas por dia.
Cada vez me encantava mais com o tema da morte, perdas, luto. . .
Voltei para Natal, que coisa boa estar em casa!
Queria aplicar meus conhecimentos em minha cidade e assim comecei a tentar conquistar meu espaço como profissional, mas é claro sem parar de estudar.
Fiz especialização em Gestalt-terapia pelo IGT-PE.
Comecei a trabalhar em um cemitério da cidade introduzindo a Psicologia do Luto. Pioneiramente no Brasil realizei atendimento em grupo a famílias enlutadas em um cemitério, o que posteriormente foi ampliando e o serviço passou a oferecer aconselhamento individual e atenção e cuidado aos profissionais do fazer funerário.
Ousadamente, como acho que sempre fui, levei esse trabalho por duas vezes a São Paulo, uma no Congresso Brasileiro de Tanatologia e outra no Congresso Internacional de Tanatologia, no qual recebi o prêmio Colin Murray Parkes.
Que alegria! Senti-me muito realizada, uma motivação para prosseguir...
E prossegui.
Desde minha volta a Natal o consultório sempre foi constante e crescente e paralelo a ele, o cemitério e outras atividades: prefeitura de Ceará-Mirim; Clínica Multimedical; Secretaria de saúde de Natal – CAPS leste e Posto de saúde Cidade Nova. Neste último, fui convidada a uma intervenção decorrente do desabamento do teto da escola municipal Marise Paiva.
Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
A vida prosseguia e ganhos e perdas aconteciam; alegrias e dores; risos e lágrimas. . .
Ganhei um sobrinho maravilhoso que trouxe mais luz para minha vida e por que não dizer me ensinou uma forma de amar ainda desconhecida para mim: me senti mãe.
Gabriel foi o anjo que anunciou a Maria a chegada de Jesus e o Meu Gabriel é o meu anjinho que me anuncia todos os dias como é bom amar.
Em 2007 uma tragédia aérea acontece e mais um grande desafio, trabalhar com uma situação emergencial cujas dores agudas atingem uma dimensão inimaginável. Grande aprendizado, talvez a mais forte experiência que trouxe transformações profissionais e pessoais.
Mudanças, mudanças, mudanças. . .
Sai do cemitério e no mesmo ano 2008 me submeti a seleção para o mestrado. Passei!
Misto de alegria e medo; quantos questionamentos me invadiram e o principal deles: como vou consegui administrar meus pacientes e o mestrado?
Não sei como mas consegui.
Comecei em 2009, mesmo ano em que Deus me presenteia com mais um anjinho, minha sobrinha Isadora. Mais um amor ? Não. Mais um grande amor!