quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Há lugar para o sofrimento?


Todos os dias nos deparamos com notícias sobre mortes e tragédias familiares e sociais.
Por um lado a morte se apresenta escancarada nos meios de comunicação por outro é assunto evitado e escondido. O que dizer dos sentimentos que acabam sendo camuflados e considerados inadequados diante do intenso sofrimento da dor da perda?
Calar serve para não incomodar, afinal, "a vida precisa continuar", mas com isso vamos padecendo na solidão do sentir e nos perdendo da nossa humanidade.
A necessidade de ter que fazer algo, "acabar" com o sofrimento nos impede de aprender a suportar o que é natural e saudável. Não há vida apenas de alegrias e sorrisos, as lagrimas e tristezas também fazem parte e precisam de espaço.
A cultura e educação do nosso país, da nossa região, da nossa cidade nos aprisiona a conceitos sobre como, quando, quanto sofrer e, em sua maioria, quem foge passa a ser marginalizado.
Contradições se fazem presentes: "sofre muito" é fraqueza; "sofrer pouco" é falta de amor. Parece que nunca estamos adequados em relação a sentimentos considerados inadequados, como a tristeza, o medo e a angustia.
É hora de pensarmos em que nos transformamos: uma sociedade repleta de desrespeito pelo que é tão humano: o sentimento.
Curamos doenças, não doentes; somos números, letras, siglas, menos pessoas, com suas historias e sentimentos.
Se pararmos para pensar nós não morremos, vamos a óbito, falecemos, temos êxito letal. Quantos nomes para nos defender daquilo que tanto tememos: a morte.
Todos precisam ser poupados, calados e isolados!
Na verdade, todos precisamos falar, compartilhar, acolher, apoiar, cuidar.

Millena Câmara

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fechando uns ciclos, abrindo outros, seguindo caminhos

Tempão que a gente não aparece por aqui.... Muito trabalho e correria para dar conta de tantas demandas que chegam ao nosso Núcleo. Muito felizes com os frutos do nosso trabalho e por compartilhar boas notícias com vocês.

Concluímos a II Turma do Curso Apego Perdas: Compreendendo o processo de Luto. Foi uma experiência muito rica de troca e aprendizado. Uma turma participativa, questionadora, que nos presenteou também, juntamente com nossos ilustres convidados, com momentos de grande emoção nesse caminho de crescimento e experiência. Nosso muito obrigado ao grupo que esteve conosco, sendo capacitado sobre a psicologia do Luto e seus desdobramentos. Em especial, agradecemos aos nossos parceiros que abrilhantaram os módulos: os médicos Rodrigo Furtado e Daniele Soler, a psico-oncologista Christine Campos e o enfermeiro Dr. João Bosco. Todos deram um show à parte de conhecimento e sensibilidade em suas notáveis apresentações.

Outra turma que encerrou (temporariamente) suas atividades foi o Grupo de Estudos sobre Perdas e Processo de Luto, coordenado por Millena Câmara. Após seis encontros de intensa discussão teórica e partilha de vivências, fechou o primeiro momento de seu trabalho que, aliás, deixou promessas para a "Parte II"  dos estudos, desta vez, ainda mais aprofundados, em 2013 quem sabe!

Segue ainda a Turma de Ludoterapia coordenada por Kátia Cristiane Bezerra que concluirá seus dez módulos em novembro próximo. É também uma turma muito dedicada de psicólogos que está elevando o nível das aulas e trabalhos vivenciados por lá.

Resta então, convidar todos para acessarem www.apegoeperdas.com.br e conhecer a nossa agenda 2012/2013. Por hora, já estão abertas as inscrições para o Grupo de Estudos. Millena Câmara repetirá a dose de muita teoria recheada com uma vivência ímpar, característica do seu trabalho, que iniciará  logo mais, em outubro.

Até lá!

domingo, 27 de maio de 2012

Turma II - passamos da metade

Este fim de semana chegamos ao III módulo do Curso Apego e Perdas: compreendendo o processo de Luto. Depois das reconhecidas teorias de constituição psíquica, teoria do apego de Bowlby, Morte, Luto e Separação conjugal, neste último módulo pudemos conversar sobre intervenções em Luto em diferentes contextos (escola, emergência e desastre, home care, Justiça e cemitério).
As aulas têm contado com um grande grupo de profissionais, envolvido e ativamente participativo que eleva o nível das discussões e enriquece o nosso processo de aprendizado.
Seguiremos agora para o desfecho com os dois últimos módulos (junho e julho), em que receberemos nossos convidados e parceiros ilustres: os médicos Rodrigo Furtado e Daniele Soler, a psicóloga Christine Campos e o Prof. Dr. Jõao Bosco que nos encantará com suas aulas.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Feliz "Mudança"!

Esses dias ouvi de um amigo um desejo de Feliz "Mudança"(Páscoa). Achei interessante como algo simples pode ter efeito complexo sobre a consciência de alguém, no caso, a minha.

Nesses tempos de mundo egoísta, narcisista, imediatista e, com todos os demais "istas" que possamos imaginar, cada um é por si, todos por ninguém e Deus pra uns privilegiados de fé. Estive pensando muito aquém do futuro da humanidade. Pensei no dia de amanhã.

"O que será amanhã, responda quem puder" ... Como sugere a música, cada um só pode dizer de sua vida, apenas muitos não sabem disso. O amanhã é nada menos do que o movimento que se inicia hoje. Onde estarão seus amores, seus amigos, como estará seu trabalho, sua saúde.... Amanhã já começou e a gente nem viu. Mas, tudo bem, vá deixando pra amanhã aquela conversa, o telefonema, o médico, a reunião de família, o curso, o fim de semana na praia, a viagem dos sonhos. Vá deixando, deixando... E, de fato, esses desejos e planos serão deixados de lado, claro.

A reflexão do tempo de "Mudança" (Páscoa), como disse meu amigo, ecoou aos meu ouvidos como  bela música. Suscitou em mim o desejo de transformar o ruim em bom, o atraso em progresso, o difícil em solúvel e, incrivelmente, me fez lembrar de Deus, do poder da criação e recriação, dos milagres da existência humana e de tantos outros que Ele faz em nossas vidas, todos os dias, usando os mais interessantes instrumentos.

Com o meu profundo respeito à fé e ao credo de cada um, meu desejo nessa "mudança" é que todos, em posse de seus destinos, reconectem-se aos seus movimentos internos em busca de um amanhã feliz. E que façam hoje tudo o que desejarem porque o tempo, esse não podemos postergar.

Kátia Cristiane Bezerra

domingo, 26 de fevereiro de 2012

As redes socias como rede de apoio em situações de perda


Vivemos numa sociedade em que a comunicação acontece de forma muito rápida, o que é exacerbado pelas redes sociais, seja o twiter, facebook, blog, ou outros meios que as pessoas estão buscando para se comunicar ou se expressar.
 
Nas páginas pessoais ou através de mensagens curtas as pessoas transmitem recados de como estão, o que estão sentindo ou vivenciando… isso também acontece no caso de um perda, as quais podem ser decorrentes de uma morte ou de outros rompimentos como perdas normativas (infância, adolescência, e velhice), adoecimento, separação, mudanças, alteração da imagem corporal, mutilações, etc.
 
As redes sociais são utilizadas por quem sofre a perda, como forma de expressar seus sentimentos e, de certa forma, buscar apoio sem que seja preciso “encarar” diretamente a sociedade; como também pelos que sentem a necessidade de prestar sua solidariedade e apoio. Escrever pode, em alguns momentos, proteger do contato  com a dor do outro, que tanto nos mobiliza e nos remete a nossas próprias dores.
 
Observa-se que as pessoas que estão enlutadas ressaltam o vínculo estabelecido com quem morreu, as características daquela pessoa, e assim buscam um suporte, um apoio através de mensagens deixadas para quem morreu ou para os amigos e parentes enlutados. 
 
Algumas vezes, a pessoa que morreu é mantida na “rede”, com fotos, mensagens ou recados, seja como forma de negação de tão dura realidade na busca de preservar e se apegar a algo concreto “deixado” por quem morreu, por vezes, é poder encontrar a pessoa amada com aspectos que retratem a vida;  seja como forma de buscar “conforto” e assim não se sentir tão sozinho na dor.
 
Nossa sociedade tem dificuldade de lidar com o sofrimento e com o tempo que as pessoas enlutadas precisam para vivenciar sua dor, é como se tivéssemos que chorar por poucos dias e retomar a vida sem expressões que possam incomodar ao funcionamento social.  A morte precisa ser afastada e silenciada para não incomodar os que ainda estão vivos. “O entrelaçamento das redes de troca que unem os vivos aos mortos é hipercomunicação a silenciar o silêncio” (RODRIGUES, 2006, p. 77), ou seja, a tentativa de silenciar a dor, a incerteza, o sofrimento, ou o próprio luto. O que observamos é que esse processo de luto, dor e sofrimento passam a ser compartilhados, em alguns casos, nas redes sociais.
 
    Essas redes, como forma de apoio, podem ser importantes em momentos como esses, mas precisam ser cuidosamente utilizadas para não contribuir para a cronificação da dor.

Marianna Mendes

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Para os interessados por psicoterapia infantil

O Núcleo de Apoio Apego e Perdas também está promovendo a II turma da Capacitação em Ludoterapia com base na psicoterapia somática.
Em 2011, houve a I turma, ministrada pela psicóloga Kátia Cristiane Bezerra, que formou um grupo de trabalho muito produtivo. Para este ano, a primeira turma se formou desde novembro passado mas, devido à procura, o Núcleo decidiu abrir mais algumas vagas.
O curso tem apenas 10 módulos e é introdutório para os fundamentos da psicoterapia somática, ideal para quem quer conhecer um pouco da abordagem sem necessidade de aderir à prática. O curso conta ainda com fundamentos da teoria winnicottiana que fundamenta a teoria do desenvolvimento psicológico infantil.
Ainda há algumas vagas. Informações: kmcursos@hotmail.com.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mais novidades

Estamos mais uma vez felizes com as novidades do curso.
A divulgação foi iniciada hoje e nos próximos dias esperamos ver nossos cartazes nas principais clínicas, hospitais, escolas e faculdades de Natal-RN.
Aumenta o número de interessados a cada dia e estamos com uma ótima expectativa de formar um rico grupo de trabalho.
Hoje confirmamos a participação da nossa amiga Christine Campos, psicóloga, especialista em Psico-oncologia, que abordará o tema Luto dos profissionais de saúde baseado nas considerações de sua defesa de mestrado que, por sinal, foi um trabalho ímpar.

E aí, vejam as nossas carinhas alegres de comemoração. Só coisa boa!

Por Kátia Cristiane Bezerra