sábado, 9 de julho de 2011

Passamos da metade!

O nosso curso chega ao III módulo. Tem sido uma intensa e rica caminhada, esse três últimos meses. Iniciando pelo conhecimento das teorias de vínculo e consituição psíquica, discutindo os modelos de apego reconhecidamente difundidos por Bowlby e seus  colaboradores, aprendemos sobre Luto e, nesse fim de semana, contamos com a valiosa contribuição dos nosso convidados Dra. Daniele Soler, Profª Dra. Geórgia Sibele, Profº Dr. João Bosco, e o emocionante depoimento de Cléa Patrícia.
Nem consigo terminar de escrever.....

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A dor dos amantes

O amor é uma condição inerente à nossa existência. Nascemos pelo amor, sobrevivemos por causa do amor que nos foi dado e passamos o resto das nossas vidas em busca da realização do amor pleno.
Em busca deste amor, encontramos no outro aquilo que falta em nós, e por isso experimentamos a deliciosa e instigante sensação de entrega. 
Ao entregarmos nosso coração a alguém, entregamos-lhe nossa vida, nossos sonhos e expectativas, nossos projetos e ideais, e até nossas imperfeições. No encontro com o outro esperamos que ele seja capaz de amar nossas virtudes e suportar - há quem diga até, tentar modificar - nossos mal fadados defeitos. E no afã de tornar completa nossa incompletude existencial, mergulhamos num mar de experiências que nos enriquecerá para sempre.
Ao dedicarmos nosso amor, exigimos fidelidade e desejamos a infinitude, condição que a nossa vida nos encerra. A morte, como fenômeno pertencente à vida, diariamente nos revela que estar vivo significa preparar-se para o fim, assim como o fazem todas as coisas vivas.
O difícil é enfrentar que do mesmo modo que há encontros, há desencontros, de interesses, opinião, educação, investimento e afeto. Esses minam o amor e o fazem morrer. É o rompimento que chega gerando perdas significativas.
A maioria de nós, não lida bem com as perdas, naturalmente, no entanto, em se tratando de "vontade", ou da falta desta em seguir um relacionamento, a experiência é menos compreendida.
Muitos casais, ao romperem sua união, estão deixando para trás muito mais do que o amor. É uma vida construída, de muito ou pouco tempo. Uma vida idealizada e projetada um no outro.
Há quem saia aliviado, há quem saia atormentado. Há os que se despedaçam, desesperam. Há inclusive aqueles que saem "numa boa", mas até estes, em algum momento, reconhecem o que perderam e não mais existirá, não ali.

In "sobre o enfrentamento do luto conjugal" , por
Kátia Cristiane V. de Araújo Bezerra

domingo, 1 de maio de 2011

Millena Câmara por ela mesma

QUEM SOU EU?

Uma apaixonada pela vida, vida que passei a valorizar ainda mais quando comecei a trabalhar com a morte.
Sou psicóloga, formada pela UFRN, em 1999.
Após me formar fui pra São Paulo e lá me especializei em Psicologia hospitalar, primeiro pelo NEMETON – Hospital Brigadeiro Luis Antonio, depois fiz a especialização do InCor FMUSP, também em psicologia hospitalar, com foco em cardiologia.
Estudar era minha meta nesta cidade (SP) que parece não parar, então estudei mais e mais... fiz aprimoramento na PUC-SP em Psicoterapia para pessoas enlutadas e no Instituto Quatro Estações, ambos coordenados pela psicóloga Maria Helena Pereira Franco. Muitos outros cursos. . . tentei fazer e estudar tudo que era possível em dois anos que tinham apenas 24 horas por dia.
Cada vez me encantava mais com o tema da morte, perdas, luto. . .
Voltei para Natal, que coisa boa estar em casa!
Queria aplicar meus conhecimentos em minha cidade e assim comecei a tentar conquistar meu espaço como profissional, mas é claro sem parar de estudar.
Fiz especialização em Gestalt-terapia pelo IGT-PE.
Comecei a trabalhar em um cemitério da cidade introduzindo a Psicologia do Luto. Pioneiramente no Brasil realizei atendimento em grupo a famílias enlutadas em um cemitério, o que posteriormente foi ampliando e o serviço passou a oferecer aconselhamento individual e atenção e cuidado aos profissionais do fazer funerário.
Ousadamente, como acho que sempre fui, levei esse trabalho por duas vezes a São Paulo, uma no Congresso Brasileiro de Tanatologia e outra no Congresso Internacional de Tanatologia, no qual recebi o prêmio Colin Murray Parkes.
Que alegria! Senti-me muito realizada, uma motivação para prosseguir...
E prossegui.
Desde minha volta a Natal o consultório sempre foi constante e crescente e paralelo a ele, o cemitério e outras atividades: prefeitura de Ceará-Mirim; Clínica Multimedical; Secretaria de saúde de Natal – CAPS leste e Posto de saúde Cidade Nova. Neste último, fui convidada a uma intervenção decorrente do desabamento do teto da escola municipal Marise Paiva.
Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
A vida prosseguia e ganhos e perdas aconteciam; alegrias e dores; risos e lágrimas. . .
Ganhei um sobrinho maravilhoso que trouxe mais luz para minha vida e por que não dizer me ensinou uma forma de amar ainda desconhecida para mim: me senti mãe.
Gabriel foi o anjo que anunciou a Maria a chegada de Jesus e o Meu Gabriel é o meu anjinho que me anuncia todos os dias como é bom amar.
Em 2007 uma tragédia aérea acontece e mais um grande desafio, trabalhar com uma situação emergencial cujas dores agudas atingem uma dimensão inimaginável. Grande aprendizado, talvez a mais forte experiência que trouxe transformações profissionais e pessoais.
Mudanças, mudanças, mudanças. . .
Sai do cemitério e no mesmo ano 2008 me submeti a seleção para o mestrado. Passei!
Misto de alegria e medo; quantos questionamentos me invadiram e o principal deles: como vou consegui administrar meus pacientes e o mestrado?
Não sei como mas consegui.
Comecei em 2009, mesmo ano em que Deus me presenteia com mais um anjinho, minha sobrinha Isadora. Mais um amor ? Não. Mais um grande amor!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Uma dor chamada Luto

“E a vida vem em ondas, como o mar, num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um minuto, tudo muda o tempo todo, no mundo.
Não adianta fugir, nem fingir pra si mesmo agora, há tanta vida lá fora e aqui dentro sempre, como um onda no mar. . .”
            Pois é! Lulu Santos conseguiu expressar metaforicamente a vida como o mar, que linda associação!
            “E a vida, e a vida o que é diga lá meu irmão, ela é a batida de um coração, ela é uma doce ilusão. E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento, ela é alegria ou lamento, o que é, o que é meu irmão. Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo . . . somos nós que fazemos a vida, pro que der e quiser e vier. Sempre desejada, por mais que seja errada, ninguém quer a morte, só saúde e sorte. . . viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”
            Pois é! Gonzaguinha nos presenteia com uma música que fala por si, que fala por nós.
            Talvez sejamos apenas isso, eternos aprendizes de um constante ir e vir, que mesmo diante das dores da vida podemos retirar algum tipo de ensinamento, de crescimento, de alguma coisa que nem nós sabemos, mas que incrivelmente nos impulsiona para continuar, quando parece que não há mais força, não há mais sentido. . . 
            Talvez sejamos empurrados pelo amor a quem partiu, que não se esgota com a morte.
            Essa dor que parecesse não ter nome, que parecesse não ter fim. . .  essa dor é a dor da perda, é o luto.
            E como precisamos nos respeitar nesse momento em que todo nosso Eu esta sofrendo. Emocionalmente, fisicamente, socialmente, cognitivamente e parece que não nos reconhecemos, que vamos enlouquecer, que não vamos suportar.
E precisamos de respeito pois é na dor que nossa subjetividade se manifesta da forma mais intensa.
O luto é o processo de elaboração das perdas, sejam elas para a vida ou para a morte. É o “tempo” que precisamos para nos dar conta da ausência e buscar um sentido e assim poder retomar a vida, não mais da mesma forma. Objetivos, conceitos, regras, tudo passa a ser reformulado. Somos diferentes a cada dia e diante de cada acontecimento significativo. Diferente não significa pior, apenas diferente.
Precisamos aceitar nossas dores e nosso tempo, precisamos respeitar que, como humanos, a morte é um acontecimento demasiadamente doloroso, mas precisamos sobretudo acreditar que poderemos “suportar”. A cada dia me surpreendo mais com os exemplos de coragem e superação das pessoas diante das perdas, histórias que tocam e ensinam.
Luto não é doença, mas pode vir a se tornar caso não seja vivenciado ou caso se cronifique. O importante é reconhecer seus limites e pedir ajuda profissional quando sentir necessidade.
A morte nos ensina o quanto a vida precisa ser vivida com qualidade, o quanto nossos vínculos precisam estar saudáveis pois diante da dor da perda é a história que foi vivida que nos serve de apoio para prosseguir sem a pessoa que tanto amamos fisicamente ao nosso lado.
Com o luto podemos aprender que não perdemos quem amamos, mas passamos a nos relacionar de outra forma, que requer adaptação. Carregamos dentro de nós essas pessoas que sempre farão parte de nossa história, de nós.
Talvez, enlutar-se seja o tempo necessário para aprendermos uma nova forma de amor, um amor em que o outro passa a estar dentro de nós e não mais fora.

Millena Câmara

segunda-feira, 28 de março de 2011

O agente funerário e a morte

Nesta quinta 31 de março, a psicóloga Millena Câmara estará defendendo sua dissertação de mestrado entitulada O AGENTE FUNERÁRIO E A MORTE: O CUIDADO PRESENTE DIANTE DA VIDA AUSENTE, no auditório "A" do CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes), na UFRN, às 14:30h.

Para quem se interessa pelo tema, ou tem acompanhado o trabalho desenvolvido por Millena Câmara na área do Luto nos últimos anos, será imperdível.

domingo, 27 de março de 2011

Matéria em Novo Jornal

Saiu na edição de sábado, 26/03, do Novo Jornal (Natal-RN), uma matéria de página inteira entitulada PSICOLOGIA DA DOR, fidedignamente baseada na entrevista com a psicóloga idealizadora deste Curso, Millena Câmara.

A matéria aborda sensivelmente o tema do Luto e, para além da morte, traz à luz a dor daqueles que sofrem e se enlutam significativamente por perdas em vida. Mudanças de etapas infância/adolescência, fase adulta/velhice; doenças; alterações na vida profissional como aposentadoria, transferência, demissão; separação conjugal; e até afastamento entre membros na família; são apenas alguns exemplos de tais perdas, defendendo a ideia de que "sentimento de luto nem sempre está ligado a uma situação de falecimento".

Sobre o enfrentamento da morte, aponta a entrevistada: "Todo mundo sabe que vai morrer mas não enxerga com bons olhos a possibilidade da morte", e destaca ainda: "Não tem como não chorar e sofrer, mas o amor não termina com a morte".

Parabéns ao jornalista Marcelo Godeiro que, cuidadosamente, escreveu a matéria, contribuindo para  revelar a importância da terapia do Luto, e divulgar o Curso Apego e Perdas.