domingo, 13 de novembro de 2011

Eu por mim mesma - Kátia

       Bom, chegou a minha vez de contar como foi que eu vim para aqui.
    Na verdade, sou daquelas pessoas que acredita em destino, em encontros e, sobretudo, nos desígnios de Deus. Apesar da minha amizade dos últimos 17 anos com Millena Câmara, minha parceira desde os primeiros dias da faculdade, era daquelas que jurava nunca trabalhar com Luto. Essa negativa durou uns bons anos, até descobrir que Luto não tratava apenas das perdas para a morte.
    Quando sonhei ser psicóloga, pensava em cuidar de crianças. Meus anos como catequista me confirmavam esse desejo. Felizmente, ainda na minha formação, aprendi que para ser boa terapeuta, precisava atender todas as idades. E fui me encantando com meus clientes adultos desde o estágio. Mas, motivos maiores, uma decisão acertada e um pouco de sorte me levaram a fincar meus dois pés no social. Depois do rico estágio em psicologia escolar, trabalhei por 06 anos numa escola de referência em educação infantil, experienciando o que via nos livros e nas histórias dos meus clientes do consultório. Nessa época, influências profissionais e teóricas importantes recheavam meu currículo, além de oportunidades de descobrir fronteiras, como também foi o meu trabalho por quase 06 anos com grupos de pais e adolescentes na área de intercâmbio cultural. Como dádiva de Deus, fui nomeada no concurso do TJ e, atuando como psicóloga, estive mais de quatro anos na Vara de Infância e os últimos 06 anos nas Varas de Família. 
   Em todo esse tempo fui investindo no que poderia me acrescentar, pessoal e profissionalmente. Depois do Mestrado, fiz inúmeros cursos na minha área clínica: 05 anos de Formação Internacional em Biossíntese, Psicoterapia corporal para crianças e adolescentes com Brasilda Rocha, recentemente a formação, também internacional, em Constelações Familiares e, atualmente estudo um pouco de Psicanálise.
     Mas, voltando ao começo, como foi que eu vim parar aqui mesmo? Na verdade, isso tudo ia acontecendo e eu nunca desgrudei da minha amiga Millena. Construímos sonhos juntas, nos tornamos sócias, nosso consultório mas, até então, tínhamos vida paralelas. De tanto falarmos sobre separação conjugal, descobri que já trabalhava com luto todos os dias, o da família. E um dia recebi um delicioso convite: "Vamos fazer um curso?" E de lá para cá não paramos mais. Foram 03 cursos de luto Infantil, a primeira turma do Apego e Perdas e, agora, saindo do forno, o nosso Núcleo de Apoio Apego e Perdas, em parceria com Luciana e Marianna. 
   Nesses últimos 03 anos tenho aprendido muito com as meninas. Aprendido sobre vida, sobre morte, sobre apego e desapego, enfim, aprendido como dar mais valor a minha própria vida e às pessoas que amo, diariamente. Trabalhar com luto está me educando para a morte. Não só aquela finita, mas as muitas que temos ao longo da nossa existência. Não tem sido fácil. Continuo com medo de morrer, da morte dos meus, mas hoje estou muito feliz de poder trabalhar com esse tipo de cuidado. Um cuidado tão especial. De estar junto e ajudar o outro nos momentos mais dolorosos.

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